Podcast Saint Seiya: Mitos #006 | O Mito de Fenrir e o Guerreiro de Alioth

Bem vindos à Mitologia Nórdica!

Nossa anfitriã Danda nos mostra as diferenças desse antigo povo e também nos conta o mito em volta do lobo Fenrir.

Brunão e Nicoll também ajudam a pintar as suas influências e todos debatem sobre o Guerreiro Deus que é praticamente o Mogli de Asgard. =D

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O Mito de Fenrir

Introdução ao Mito de Fenrir

O presente texto tem como principal objetivo complementar o podcast sobre o mito de Fenrir, servindo apenas como elucidação do que é a mitologia nórdica e como ponto de partida para quem se interessar pelo tema. Portanto, não cabe aqui toda a estruturação nas lendas e etiologias dos elementos que a compõem, mas uma apresentação superficial do tema. Ao final do texto consta a bibliografia utilizada. É muito provável que outros documentos com mais informação sigam em cada podcast referente à mitologia nórdica.

Mitologia Nórdica

A mitologia Viking nada mais é que a mitologia escandinava, sendo esta última uma versão da mitologia teutônica, e a sua principal documentação parece estar na região da Islândia.

Descendentes dos teutônicos que se estabeleceram na Escandinávia entre finais do século VIII e meados do século XI, os Vikings tiveram grandes feitos de cavalaria e náutica. Sua economia de espólios estava profundamente ligada à crueldade de seus atos. Começaram por pilhar a costa leste da Bretanha e estenderam seu império de saques e conquistas até a América do Norte, a Ocidente, e Rússia e a região de Kiev (atual Ucrânia), a Oriente.

Um mundo hostil exigia homens de caráter forte. Assim, desenvolvia-se nas sociedades escandinavas uma filosofia de vida própria, que os distinguiam dos outros povos bárbaros. Esta filosofia assentava sobretudo em seus deuses, que justificavam seus atos: os homens deveriam ter coragem ou serem desumanos perante a morte, sendo este um sinal de respeito para com o inimigo derrotado, dando a este a hipótese de demonstrar sua coragem e ser digno do olhar das entidades divinas. Eram assim tomados de uma honestidade completa: em caso de derrota, admitiam o mesmo tratamento, sem poder esboçar qualquer temor ou injúrias para com aquele que os venceu. Também tinham noção de que a morte nada mais era que o ápice de dignidade guerreira. Seu sistema ético assentava, portanto, em um ensinamento contrário ao das civilizações atuais. O ensinamento divino encorajava o ato brutal.

Mas nem todos os nórdicos estavam sujeitos a esse tipo de pensamento e ação. Rezavam para os guerreiros voltarem-se para outras terras e saíssem em novas conquistas.

Mas até o mais feroz dos guerreiros estava sujeito a uma norma estipulada na comunidade. Assassinatos e roubos eram punidos severamente perante todos os membros que a compunham.

Dos mandamentos divinos, Odin alertava para que não demonstrassem a sua estupidez e, assim no adultério, por exemplo, alertava para que o sujeito fizesse por não ser apanhado em flagrante, ou não murmurasse, num momento de paixão, nenhum segredo comprometedor.

Apesar da dificuldade de entendimento de um sistema como esse, há que se ter em conta que, ao longo da história, a aproximação dos povos acabará por deturpar a raiz teológica daquele povo que se mostrar menos resistente.

É de se pensar que uma religião assentada na oralidade acabasse por se deturpar perante séculos de afirmação bem estruturada da cultura dominante europeia de seu tempo. Apesar da moral ética Celta ser mais rigorosa que a Escandinava, estes mostravam-se tão cruéis quanto os Vikings. Assim como o sistema divino Grego seria deturpado de tal forma pelos Romanos que a relação do divino ficaria apenas pela correlação hierárquica.

Mas voltando a suas raízes, os povos do Norte tentavam explicar o que os rodeavam como ação de seus deuses.

Diferentemente dos deuses da antiguidade clássica, os deuses Nórdicos não personificavam determinado acontecimento natural, mas eram responsáveis com seus atos pelo acontecimento deste: por exemplo, o cair de um raio sequenciado por um trovão era a manifestação de Thor a atirar seu martelo Miölnir contra os gigantes de gelo, ou o aparecimento de um arco-íris (Bifrost) era a passagem do mundo divino para o mundo dos mortais, e assim por diante.

Também estes se diferem no que toca sua durabilidade. Eis que os deuses gregos, como em muitas culturas, davam a seus deuses a imortalidade. Porém, os nórdicos tinham plena consciência que um dia também seus deuses não escapariam do fatal destino e desapareceriam. Este evento era conhecido como o temido Ragnarok, durante o qual os deuses morreriam e o mundo conhecido desapareceria com eles.

A mitologia e a criação do mundo

No princípio existia o nada!

Não, não é assim que começa.

No principio existia o deus Allfather (muitas vezes confundido com Odin), o qual não poderia ser visto, mas que existia desde sempre. Tinha muitos nomes, um dos quais "o regulador do tempo".

Existia também um enorme abismo vazio chamado Ginnungagap e neste havia um enorme Freixo - Yggdrasil (A arvore do mundo). Esta ligava os nove mundos:

Munspell - estava sob uma das raízes a sul. Era tão quente que não havia como habitar ali. Era guardada por um gigante chamado Surt, que empunhava uma espada flamejante. Deste mundo, brasas escorriam para o vazio.

Niflheim - terra de brumas e escuridão, em uma raiz a norte.

Hvergelmir - Debaixo de Niflheim estava o caldeirão fumegante, que fornecia água para os 12 rios. Aqui encontrava-se a serpente/dragão Nidhud, que roía as raízes da grande árvore.

As águas dos rios de Hvenrgelmir foram derramadas e escorreram para o vazio, tornando-se blocos de gelo. Mas as brasas de Munspell cairiam sobre estas, fazendo com que se elevasse enorme quantidade de nuvens de vapor. Este vapor transformou-se em geada, que preenchera Ginnungagap.

A norte, próximo a Niflheim, formaram-se fortes vendavais e chuva fina e fria, que caíram incessantemente. Mais a sul, próximo de Munspell, as brasas ergueram-se iluminando o céu, combinando com a geada ascendente. Assim formaram-se os oceanos temperados. Estes foram personificados na forma do gigante maléfico Ymir (primeiro gigante gelado).

O degelo da geada criou uma vaca, Audhumla. Do úbere brotaram quatro torrentes de leite do qual Ymir se alimentava. A vaca lambia os blocos de gelo salgados, e no primeiro dia começara a dar forma a um ser - Buri - criado ao terceiro dia.

Neste tempo, Ymir estava adormecido e suava. Deste suor nascera o primeiro homem e a primeira mulher. Suas pernas copularam, dando origem a um gigante de seis cabeças chamado Thudgelmir, que a seu tempo gerara Bergelmir (antepassado direto dos gigantes gelados).

Buri tornara-se no progenitor dos deuses. Teve um filho, Börr, o qual começou a combater os gigantes gelados. Apesar da batalha ter durado muito tempo, Börr casou com uma giganta chamada Bestla, gerando três grandes filhos - Odin, Vili e Ve. Os três se juntaram ao pai na batalha e mataram Ymir. Com o dilúvio de sangue provocado por Ymir morreram os gigantes, excepto Bergelmir e sua companheira, que fugiram de barco para Jotunheim e ali se multiplicaram.

Este evento passa a demarcar a inimizade natural dos gigantes e deuses.

Odin, Vili e Ve, sem saber o que fazer com o corpo de Ymir, passam a arrastá-lo por Ginnungagap e cortá-lo aos bocados para construir as restantes partes do mundo físico.

Misgard - Mundo mortal, foi feito a partir da carne de Ymir. O sangue foi usado para formar o oceano e os ossos inteiros a formação das montanhas. Os ossos partidos, dentes e maxilar formaram penhascos, rochas e pedras. Do crânio, a abóbada celeste, que para manter-se fixa criou 4 anões: Austri, Nordri, Sudri e Westri, os nossos quatro pontos cardeais. Do cérebro fizeram as nuvens. Usaram as brasas de Munspell para trazer luz e iluminar tanto o céu como a terra. Os três deuses criaram os principais homens através de um par de árvores que descobriram. Odin dera a vida e o espírito, Vili dera mobilidade e inteligência e Ve os sentidos.

O primeiro homem se chamou Ask (cinza de árvore) e a primeira mulher Embla (olmo).

Asgard - construído no meio do que agora era o mundo, onde os deuses viverão até o Ragnarok. Os mortais não conseguiam ver esse reino devido ao local onde estava situado.

Idawold - flutuava bem acima de Midgard. Um rio chamado Iffing separava Idawold do resto. Suas águas nunca gelavam.

Das brasas mais brilhantes de Munspell foi dado o nome de Mani (Lua) e Sol. Estes foram postos em carruagens, destinadas a correr o céu. Em uma outra versão Mani e Sol eram filhos de um homem chamado Mundilfari. O marido de sol era Glen ou Glaur. Porém, os deuses, ultrajados pelo homem ter dado o nome de sua criação reluzente, os colocaram nas carruagens.

A carruagem do sol é puxada pelos cavalos Arvakr e Alsvin, protegidos do calor da estrela celeste por um escudo Svalin. Mani é puxado por Alsvider. Mani raptara duas crianças enquanto tiravam água de um poço - Hiuki e Bil (quarto crescente e quarto minguante) - que passaram a ser seus ajudantes.

O gigante Norvi tivera uma filha chamada Nort (Noite). Esta gerara com três maridos três filhos: Aud; Fjorgyn; Dag (dia), e o jovem extremamente bonito - Dellinger - amanhecer, parente de Odin, Vili e Ve. Estes três deuses deram a Nort uma carruagem e mais tarde deram outra a Dag. É do cavalo que puxa Dag - Skinfaxis - que o dia é iluminado.

Sol é perseguido pelo lobo Sköll, enquanto Mani é perseguido por Hati. De tempos em tempos os lobos conseguem pegar suas presas, mas se os Homens fizerem muito barulho conseguirão afugentar os lobos. Mas exatamente antes do Ragnarok os lobos não mais fugirão e devorarão suas presas.

Os três deuses criadores depararam-se com um problema: a carne de Ymir era um antro de vermes. Mas, piedosos, decidiram transformar estes segundo sua condição de espírito. Os mais duvidosos em caráter se transformaram em anões, condenados a viverem debaixo da terra (estes se subdividem...ou são como os gnomos, elfos sombrios)... sendo banidos para o Svartalfaheim. Os vermes bons tornaram-se fadas ou elfos, sendo enviados para o reino de Alfheim, que ficava a meio caminho entre o paíso e Midgard. Ambas espécies inimigos naturais, podendo ter trato amigável com Homens e Deuses.

No ponto mais alto de Yggdrasil - Lerad - estava empoleirada uma águia, que tinha no meio dos olhos um falcão - Vedfolnir. Este era obrigado a observar os mundos e relatar tudo que nele se passava.

Da fauna funesta de Yggdrasil juntava-se os veados - Dain, Duneyr, Durathore Dvalin - que vagueavam entre os ramos. Do orvalho que brotava de seus chifres surgiu o rio dos mundos.

Também havia um esquilo chamado de Rastatok, que subia e descia a árvore incendiando discórdia entre a serpente e a águia.

As deusas do destino tinham que refrescar Yggdrasil através do poço Urdar. Esta água, quando derramada dos ramos mais baixos, transformava-se em mel.

A família gerada pelos três deuses criadores são os Ases. Mas havia uma raça de deuses mais velhos que viviam em Vanaheim - Os Vanes -, deuses da fertilidade associados as ventos e aos mares. Em tempos houve uma guerra entre Ases e Vanes, que culminou em empate e troca de reféns.

Os Vanes enviaram Njor e seus dois filhos, Frey e Freya, e em troca Mimir e Hoenir foram enviados para Vanaheim. Hoenir será um dos poucos a sobreviver ao Ragnarok.

Ragnarok

Eis aqui um claro paralelo com o Cristianismo, pois Ragnarok também é o encontro final entre o bem e o mal. A maior diferença é que após o Ragnarok haverá um novo panteão de deuses como renovação da vida na Terra. Em germânico esse evento chama-se Götterdämmerung (o crepúsculo dos deuses).

A primeira fase do evento virá com Fimbulvetr - rigoroso inverno que se prolongará durante anos. Os lobos que perseguem o sol e a lua irão por fim devorá-los.

Loki, Fenrir e Garm (cão de Hell) quebrarão suas correntes e atacarão os deuses. Nidhug acabará com as raízes de Yggdrasil.

Heimdall tocará sua trombeta, que será ouvida por todos.

Ases e Einheriar (guerreiros mortos) dirigir-se-ão para Vidrid, onde decorrerá a última batalha.

Enfurecidos, os mares agitar-se-ão, despertando Jormungad - Serpente do Mundo -, que ficará ao lado de Loki. A contorção desta serpente causará enormes vagas, que arrastarão Naglfari - navio feito com unha dos mortos -, comandado por Loki, liderando os navios de Munspell. Os gigantes gelados também irão para a batalha, comandados por Hrym.

Hell e as siconfantas juntar-se-ão às forças de Loki, assim como Garm e Surtr - chama gigante.

Quando o último exército atravessar Bifrost esta será despedaçada pelo seu peso.

Pela última vez Odin irá consultar as deusas do destino e Mimir, e depois seguirá para a batalha.

Odin será morto por Fenrir. Surtr matará Frey e Loki matará Heimdall.

Tyr será morto por Garm e Thor morrerá afogado na torrente que jorrará da boca de Jormungand.

Vidar despedaçará Fenrir. Surtr queimará a Yggdrasil, destruindo todos os mundos existentes nas ramagens.

Acabada a destruição, haverá um renascimento.

A filha do sol conduzirá a carruagem pela abóbada celeste. Os dois primeiros mortais chamarão Lif e Lifthrasir e povoarão a terra com seus filhos.

Vali e Vidar sobreviverão, bem como os filhos de Thor - Magni e Modi -, assim como o deus Hoenir.

Balder e Hoder ressuscitarão.

Eis que um grande deus reencarnará... ao que dirão o nome de Jeová (está é a maior marca cristã na mitologia nórdica).

Bibliografia

CHEERS, Gordon. Mitos e lendas de todo o mundo. Editora Lisma, 2006.

COTTERELL, Arthur; STORM, Rachel. The Utimate Encyclopedia of Mytology. Annes Publishing Ltd 1999, 2007.

DERSIN, Denise; BRIGS, Marison F. Vida e Sociedade no tempo dos Vikings: Escandinávia 800-1100. Editora Verbo, 2002.

Fenrir por aí

Jogos

Dragon Age II

O personagem Fenris do jogo Dragon Age II, um elfo guerreiro que viaja com Hawke, o protagonista. Antigo escravo, Fenris ajuda os escravos a se libertarem e não gosta muito daqueles que lidam com magia. [Fonte]

Franquia Final Fantasy

Fenrir é um monstro que aparece recorrentemente nos jogos da franquia Final Fantasy. Fenrir é um lobo, normalmente representado com juba e cauda. Normalmente aparece uivando para a lua cheia. [Fonte]

Vários “Lobos Fenris” figuram como inimigos no jogo Marvel: Ultimate Alliance

Filmes

Franquia Harry Potter

Fenrir Greyback, personagem de Harry Potter, é um lobisomem Comensal da Morte. Invadiu Hogwarts na noite da morte de Dumbledore. [Fonte]

Thor: Tales of Asgarsd

Fenris Wolf aparece no filme Thor: Tales of Asgard, que conta a história de Thor antes de conseguir seu martelo. Ele parte em busca da Lost Sword com Surtur e Loki. [Fonte]

HQ's e Mangás

DC Comics

Fenris é um personagem do Universo Wildstorm da DC Comics. [Fonte]

Marvel

Na Marvel, o Lobo Fenris apareceu pela primeira vez em Journey into Mystery #114 (1965), adaptado da mitologia nórdica por Stan Lee e Jack Kirby. Depois apareceu em Thor #277-278 (1978), Thor Vol. 2 #80-83 (2004) e #85 (2004).